Cem anos de Irving Penn, o Fotógrafo do trânsito entre o Real e a Fantasia

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Para que uma obra ou um estilo na fotografia possa efetivamente se considerar como algo suficientemente marcante precisa efetivamente preencher pelo menos dois requisitos: Exclusividade ou mesmo uma execução de algo conhecido porém com uma perfeição jamais vista. Estando uma foto ou maneira de se retratar o mundo dentro dessas características, a possibilidade de ser inesquecível aumenta consideravelmente.

No entanto, o que podemos dizer quando um profissional que sequer tinha esse intuito no início de sua carreira em algo fora do mundo exclusivamente da fotografia consegue atingir esses dois patamares e consegue inspirar até mesmo uma exposição inteira em sua homenagem? Pois foi isso que aconteceu com o norte-americano Irving Penn que, se estivesse vivo, completaria 100 anos de idade em 2017.

Cem anos de Irving Penn, o Fotógrafo do trânsito entre o Real e a Fantasia
Irving Penn: Garota Atrás do Vidro (Jean Patchett) Nova York, 1949

Apesar de ter um nível de detalhamento quase milimétrico em algumas das suas imagens principalmente quando elas remetiam ao corpo humano nu (uma das paixões de Irving Penn ), o profissional nascido em Nova Jersey chegou a declara que “O realismo do mundo real é algo quase insuportável para mim”. Com isso, os esforços dele eram para que, mesmo colocando a frente de quem vê as suas obras retratos do mundo real, elementos artísticos só possíveis de serem alcançados através de manipulação demonstrassem o seu “toque especial” nas fotografias.

Cem anos de Irving Penn, o Fotógrafo do trânsito entre o Real e a Fantasia
Irving Penn: Issey Miyake Fashion, White and Black, Nova York, 1990

Amante das diferenças e claro defensor de um mundo igualitário perante aos mais diferentes povos e costumes, Irving Penn viajou para os extremos do planeta como Guiné, no continente africano, para explorar cada vez mais pontos de vista interessantes e condizentes com a sua intenção de colocar, em um mesmo clique de sua câmera, elementos reais e fantasiosos.

Cem anos de Irving Penn, o Fotógrafo do trânsito entre o Real e a Fantasia
Irving Penn: Cuzco Children, 1948. The Metropolitan Museum of Art

Porém, isso não significa exatamente que o antes produtor de cinema teve durante toda a sua trajetória a liberdade (ou mesmo a intenção) de fazer imagens absolutamente felizes ou mesmo em um clima de alegria. Tanto é que, em um trabalho realizado no fim da década de 40, Irving Penn fez questão de colocar uma cortina velha e um fundo absolutamente neutro com cores acinzentadas e, a partir daí, tirando fotografias com expressões mais voltadas ao aspecto depressivo.

Cem anos de Irving Penn, o Fotógrafo do trânsito entre o Real e a Fantasia
Irving Penn: Jogos depois do jantar, Nova York, 1947

Apesar do prazer em retratar modelos com essas variações de humor e realismo, outro ponto forte nas características fotográficas que foram captados pelas lentes de Irving Penn foram as imagens da chamada natureza-morta. Assumindo claramente que se sentia mais confortável dentro de um estúdio do que em qualquer outro lugar, Irving Penn gostava de ter o controle absoluto da situação e chegou a declarar que “Objetos inanimados são bons, seguros e fáceis de controlar e nada perturbadores.”

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