Shutter Drag
Transcendendo a Velocidade e o Tempo em Camadas Emocionais
Você concorda que a fotografia tem o poder de explorar a expressão emocional e o diálogo visual com o espectador? Uma técnica fotográfica que oferece uma abordagem intrigante a esse respeito é o shutter drag, que é um recurso fotográfico que permite apreender o movimento de maneira única e até mesmo artística.
Como fazer uma foto com efeito Shutter Drag?
A origem dessa técnica vem dos estágios iniciais da fotografia e está relacionada ao funcionamento dos obturadores das câmeras. O obturador é um componente que controla a quantidade de luz que entra na câmera durante a exposição e, em câmeras antigas, o obturador era composto por duas cortinas, uma que abria para iniciar a exposição e outra que fechava para encerrá-la.
Ao utilizar uma velocidade de obturador mais lenta, a primeira cortina do obturador se abre e a segunda cortina começa a se fechar após um certo intervalo de tempo. Durante esse intervalo, o objeto em movimento capturado pela câmera deixa um rastro, resultando no efeito de arrasto característico do shutter drag. Esse efeito pode ser comparado a multiplicar imagens ou repetir cenas, adicionando uma camada extra de interesse e complexidade à fotografia.
Embora a técnica tenha sido usada há muito tempo na fotografia, o termo “shutter drag” se popularizou mais recentemente com o aumento do interesse pela fotografia de longa exposição e por técnicas criativas que envolvem o movimento na imagem.
A imagem resultante desse recurso pode evocar diferentes emoções, desde a sensação de energia e excitação até uma calma tranquila no meio do movimento, sendo capaz de criar um diálogo emocional profundo com o observador. A partir desse atravessamento emocional, existe um convite ao envolvimento com a imagem, para expreimentar as emoções fixadas pelo fotógrafo. A multiplicação das imagens ou a repetição das cenas podem reforçar essa conexão, levando o espectador a uma vivência visual e subjetiva.
Ao observar as cenas com efeito de arrasto, percebemos analogias sobre a passagem do tempo e a transitoriedade da vida. Ao capturar o movimento em uma fotografia estática, o fotógrafo convida o espectador a refletir sobre a fugacidade dos momentos e a importância de aproveitar cada instante. Essa analogia visual pode despertar uma apreciação mais profunda pelos pequenos detalhes da vida e uma consciência do fluxo constante ao nosso redor.
Curiosamente, o shutter drag também pode nos mostrar um mundo invisível aos nossos olhos. Ao prolongar o tempo de exposição, detalhes ocultos ou sutis podem ser revelados. Elementos que passariam despercebidos em uma cena em movimento podem se tornar evidentes, destacando a complexidade e a riqueza de cada momento registrado pela câmera. Essa descoberta de detalhes nos leva a refletir sobre a importância de olhar além do óbvio em nossa vida cotidiana, percebendo as nuances e os aspectos mais sutis que nos cercam.
O poder do shutter drag reside na capacidade de provocar reflexões e despertar uma resposta individual, convidando o espectador a explorar seu mundo emocional e interpretar a imagem de acordo com suas próprias vivências. Podemos descobrir detalhes ocultos e explorar uma realidade além do óbvio. É um apelo para olhar além das aparências, mergulhar nas emoções e encontrar beleza na multiplicidade do mundo ao nosso redor.
Imagens cedidas pelos autores
Foto 1. Alfonso Calero | Espanha | Instagram @kaleorelak
Fotos 2, 3, 4 e 5. Oscar Calstrom | Brasil | Instagram @calstrom
Foto 6. Gonzalo Urrea | Colômbia | Instagram @fototopia_gonzalourrea
Foto 7. Geovana Santos | Cia. Poéticas da Cena Contemporânea | Brasil | Instagram @escoladefotografoscegos