Historicamente falando, as guerras que aconteceram e as que ainda estão em curso no mundo são fascinantes e dizem muito sobre a atual situação da sociedade. As guerras moldam territórios, transformam fronteiras e estabelecem novos comportamentos entre a população mundial.
A guerra, no entanto, não é um evento para o qual um determinado país contrata fotógrafos para registrá-lo e gravar para sempre na memória e nos filmes fotográficos o que aconteceu. Apesar disso, em todas as guerras pós a invenção da fotografia, fotojornalistas e fotógrafos amadores se aventuraram a fazer imagens da escuridão e crueldade das batalhas.
Sem esses profissionais corajosos, provavelmente não teríamos qualquer registro das guerras já travadas ao longo da história. Os historiadores e a sociedade como um todo têm muito a agradecer esses fotógrafos que, acima de tudo, também eram soldados e artistas.
Condições na Primeira Guerra Mundial
Esses fotógrafos de guerra, ao longo da história, tiveram de enfrentar as piores condições possíveis de trabalho. Não bastasse estarem em um campo de batalha, muitos deles tiveram de usar equipamentos pesadíssimos, como na Primeira Guerra Mundial, e revelar as imagens no meio do fogo, tomando o cuidado para não estragar o trabalho com qualquer partícula de poeira que pudesse entrar na frente.
Em todas as guerras os fotógrafos enfrentam longas caminhadas a pé, em caminhões, em tanques de guerra. Eles comem do mesmo que os soldados comem, e não tem quase nenhuma vantagem, já que podem ser alvos do fogo a qualquer momento.
Condições na Segunda Guerra Mundial
Até o começo da Segunda Guerra Mundial, os fotógrafos não contavam com equipamentos específicos para situações extremas como a guerra. Por serem, em sua maioria, fotos em movimentos e em locais pouco iluminados, as câmeras e os filmes tinham de ter especificidades que pudessem deixar as imagens com boa qualidade. No entanto, esse luxo não existia. Os fotógrafos de guerra, muitas vezes, tinham de pedir para as personagens das fotos ficarem paradas para que a imagem pudesse ser feita. O que, em uma situação de batalha, não é muito conveniente.
Robert Capa: o mais célebre fotógrafo de guerra
O fotojornalista Robert Capa é considerado o maior fotógrafo de guerra da história. Apesar de ter registrado os principais conflitos do século XX, Capa odiava a guerra e declarou a Revista Life que “a guerra é como uma atriz que envelhece”.
Capa cobriu a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Sino-Japonesa e a Guerra da Indochina. Na última, o fotógrafo morreu, no dia 25 de maio de 1954, enquanto trabalhava, ao pisar sobre uma mina terrestre. O corpo foi encontrado posteriormente sem as pernas, mas a câmera permanecia em sua mão.
E foi por isso que Capa ficou reconhecido: por colocar a própria vida em risco para fazer imagens e registrar da forma mais fiel possível o eu estava aconteceu no mundo.
Fotógrafos de guerra brasileiros
Em 2014, a Revista Trip produziu um documentário com o objetivo de retratar a história de três fotógrafos de guerra brasileiros que enfrentaram os campos de batalha para extrair a arte em zonas de conflitos.
Juca Varella
Juca Varella cobriu a guerra do Iraque em 2003 para o jornal Folha de São Paulo. Segundo o fotógrafo, a vontade de fotografar uma guerra sempre existiu na vida dele, mas reconhecia a dificuldade de estar em um país que raramente manda profissionais para fotografar eventos como esses. Segundo Varella, cobrir uma guerra é muito caro e essa foi uma das principais dificuldades ao chegar ao Iraque.
“O medo era constante. A qualquer momento a gente podia ser atingido por um míssil. O número de jornalistas mortos foi fantástico. Em números relativos foi mais do que na guerra do Vietnã. Esse era o pensamento principal: a gente se preservar fisicamente”, afirmou o fotógrafo.
Fernando Costa Netto
Fernando Costa Netto foi o responsável por registrar a guerra em Sarajevo para a Revista Trip em 1983. Ele foi o único fotógrafo brasileiro a fazer registros da guerra da Bósnia. Segundo ele, esse foi um dos conflitos mais violentos da atualidade.
André Vieira
Para a revista Newsweek, André Vieira fotografou a guerra no Afeganistão em 2001. Sobre a experiência, Vieira relatou: “você entra em uma zona assim, a sua cabeça funciona diferente. É uma outra lógica, uma outra relação com o tempo, uma outra relação com tudo a sua volta. Você está aqui agora, amanhã você pode estar 20 quilômetros para trás, no dia seguinte você pode estar 200 quilômetros para frente.”
Segundo Vieira, um dos principais erros dos fotógrafos de guerra é achar que estão protegidos pela tela da câmera, e isso é muito comum. Para o fotógrafo, os profissionais da imagem têm de ter a consciência de que eles estão na mesma situação que os soldados, caso contrário, o excesso de confiança pode levar à morte.