“É mais fácil fazer a cor ter um bom aspecto, mas é mais difícil colocá-la a serviço da história.” – Roger Deakins
Nos primeiros dias de cinema, lá no começo do século XX, usar cor (tonalidade, croma, matiz) em um filme era uma escolha deliberada feita por cineastas, e que poderia ser feito através do uso de filtros ou através do processo meticuloso de pintar cada quadro individual (pense no tempo que isso deveria tomar!). Mesmo nos primórdios da história do cinema, o potencial da cor para comunicar e manipular a história já era bem compreendido e, hoje, é mais importante do que nunca entender como a cor pode ser usada não apenas para fazer uma imagem linda, mas também para ajudar a contar a sua história.
Neste vídeo da The Verge há uma explicação como os cineastas usam a cor para influenciar as emoções dos telespectadores. Embora o vídeo não ofereça muito mais do que uma boa, porém limitada, cartilha sobre teoria da cor (e antes que você diga, sim, a música fez mais para mudar o tom da cena que a correção de cores fez), ele aponta para alguns grandes pedaços de informação sobre a forma como experimentamos e interpretamos a cor emocionalmente.
Como as cores influenciam nossas vidas
Primeiro de tudo, nossas reações emocionais as cores dependem de vários fatores diferentes. As normas culturais, tradições e experiências pessoais mudam o significado das cores e seus significados para cada indivíduo. Por exemplo, um americano pode sentir um senso de patriotismo, orgulho, ou bravura ao visualizar as cores vermelho, branco e azul, enquanto um cidadão do Gana e Portugal podem se sentir assim quando visualizar verde, vermelho e ouro.
Contextualmente, cores mudam seus efeitos com base na situação em que elas estão aparecendo. O vermelho, por exemplo, pode significar “amor”, “paixão” e “intimidade” quando é mostrado dentro do contexto de um encontro romântico, mas se ele é mostrado durante uma sequência de luta ou a cena de suspense este mesmo vermelho poderia significar “perigo”, “sangue” e “morte”.
Apesar do fato de que as respostas emocionais às cores variam muito com base na cultura e contexto, há interpretações bastante universais para muitas cores, que é visualizado abaixo em Wheel of Emotions (roda das emoções, numa tradução livre) de Plutchik:
Essa universalização das respostas emocionais as cores podem ser vistas em várias outras situações da vida real. Basicamente toda a indústria de publicidade e propaganda usa as cores para atiçar sentimentos em seu público. Há também o uso das cores como terapia, onde a cor pode ajudar a transmitir estados de espirito mais controlados. Obviamente não teremos tempo para falar sobre tudo isso, porém temos que reconhecer o poder da cor em nossas vidas. Obviamente o poder das cores também é bem vista e bem-vinda no cinema.
Contudo, antes de aprendermos sobre como o cinema utilizou a cor para ajudar narrativas, devemos primeiro ter uma noção mais profunda de como percebemos cores não apenas em um nível emocional, mas em um nível físico e psicológico também. Este episódio da PBS oferece uma perspectiva interessante para esse tópico específico.
Cor tem o potencial de criar um tom, um sentido para a trama e pode mudar o significado de uma cena, pode alertar o público a algo importante dentro do quadro. Não é apenas uma ferramenta estética – é uma importante ferramenta narrativa. A compreensão de como o público vai reagir emocionalmente a cores diferentes podem acrescentar muito dimensão e profundidade à sua história, tudo sem precisar que as personagens falem uma única palavra de diálogo. Aproveite o poder das cores para criar uma história única e instigante.