Quem não se lembra da primeira oportunidade que teve na vida em manusear ou mesmo com consciência ver alguém usando uma câmera fotográfica? Ou ligando uma televisão? Ou usando uma filmadora? Podemos ficar aqui por horas e mais horas enumerando as nossas reações em lidar com uma nova tecnologia e certamente, dentre as mais diversas histórias, acharemos algumas bem engraçadas, curiosas, emocionantes etc.
Isso é algo totalmente normal e inclusive faz parte da natureza humana em temer ou estranhar o desconhecido. Cada vez menos as gerações mais novas tem esse tipo de impacto já que, na atual realidade, a tecnologia está de maneira presente em cada detalhe do cotidiano. Isso, pelo menos, quando estamos falando da civilização mais próxima já que, em uma região florestal brasileira/peruana, esse tipo de situação é algo totalmente alheio a sua realidade.
No local que compreende quase que toda a mata atlântica existente na divisa do estado do Acre com o Peru está localizada uma tribo indígena onde, além das construções cobertas de palha densa, chamou a atenção do fotógrafo Ricardo Stuckert que fazia imagens através de um sobrevoo da área a reação dos índios ao perceberem que estavam sendo registrados.
Inicialmente, a reação da tribo que não tem seu nome oficial conhecido por jamais terem sido favoráveis ao contato com o restante da sociedade era de um temor misturado a reações até certo ponto violentas. Foi possível registrar nos primeiros momentos, inclusive, alguns deles apontando lanças e tentando acertar flechas no momento em que eram fotografados.
Aos poucos e se acostumando um pouco mais com a presença de fotografias e filmagens vindas do céu, os índios passavam a se tornar muito mais curiosos do que hostis, saindo em grupos debaixo da mata densa para observar o que aquelas pessoas lá no alto estavam fazendo.
Ricardo fez questão de comentar a respeito desse momento quando foi entrevistado pelo canal inglês National Geographic sobre as impressões de quem esteve no local no momento exato do ocorrido:
“Eles pareciam mais curiosos do que temerosos. Eu sentia que havia uma curiosidade mútua, da parte deles e da minha.”
Quando relatou a sua sensação pessoal em ter a oportunidade de notar essa curiosidade e também o total desconhecimento desses habitantes da selva sobre o que estava ocorrendo, o fotógrafo se disse extremamente feliz e classificou como ‘uma experiência profunda’:
“Foi algo surpreendentemente poderoso e emocional. A experiência me tocou profundamente, um momento único. Nós vivemos em uma época em que o homem já foi à Lua. E ainda existem pessoas no Brasil que continuam vivendo como a humanidade vivia há dezenas de milhares de anos.”