Analisar qualquer cenário na vista pelo ponto de vista mais positivo é um desafio do ser humano. Alguns se “forçam” a ter essa visão enquanto outros exercem quase que de maneira natural, afinal sempre tiveram essa premissa para si mesmo que instintivamente. Na área da fotografia e análise do potencial de diferentes panoramas, essa situação não é diferente.
Apesar de algumas pessoas simplesmente não conseguirem ver diante de tragédias homéricas e de proporções marcantes na história de uma região, um país ou para toda a raça humana, outras enxergam nesses cenários oportunidades únicas de expressar artisticamente as consequências de fenômenos com ou sem a influência do homem na natureza.
O vazamento de material nuclear na usina de Chernobyl, ocorrido em 1986, foi certamente um acontecimento que até mesmo pessoas que acompanharam diversas e diversas informações na época se chocam ao relembrar o potencial destrutivo do fato ocorrido na então União Soviética. Uma simples experiência de funcionamento do reator 4 que, através do superaquecimento, provocou a contaminação do solo e de milhares de quilômetros ao redor da usina com Urânio além de, obviamente, muitas mortes e efeitos anômalos no corpo de pessoas e animais atingidos.
No entanto, toda a carga de tristeza e sofrimento foram trazidas a tona com uma visão diferente e muito mais poética pelo fotógrafo russo Vladimir Migutin. Ao decidir visitar o local e os arredores da tragédia de Chernobyl, Migutin se armou de uma câmera com efeito infravermelho conhecida como Kolari Vision e criou uma combinação de cores tão diferenciada quanto de rara beleza.
O próprio profissional chegou a declarar, em entrevistas dadas a outros portais, que em nenhum momento houve qualquer tipo de sensação relacionada a melancolia ou mesmo tristeza mediante a tudo que ocorreu no local no final dos anos 80. Muito pelo contrário, ele disse que parecia estar vivendo a realidade de um planeta diferente tamanho foi o efeito único criado por suas imagens.
Seja lá qual fora a visão tida por Vladimir, o seu equipamento de espectro completo com o filtro infravermelho de 590mm criou verdadeiras “obras-primas” de uma realidade que, anteriormente, parecia muito mais trágica que artística.