A banalização das imagens é evidente na época atual. Mídias sociais como Facebook, Instagram, além dos Portais de Notícias, Agências e Blogs, dia após dia, nos bombardeiam com imagens dos mais diversos assuntos. Nesse contexto, encontrar um bom fotógrafo que consiga compreender o que significa a fotografia, bem como sua importância documental e para memória coletiva, é cada vez mais difícil. No Fotojornalismo então, mais raro ainda. Felizmente, no Brasil, temos André Liohn.
Fotógrafo de guerra, André nasceu no interior paulista, em Botucatu. Percebeu que gostava de fotografia ainda criança, quando seus pais oficializaram o casamento: uma amiga da família tinha uma câmera digital. Encantado, ele pegou-a na mão e capturou algumas fotos. Não tinha técnica, muito menos referência, mas gostou de clicar, da possibilidade do registro.
De família pobre, ainda muito jovem foi tentar a vida na Europa. Na Noruega, estudou Comércio Exterior. Apenas aos 30 anos de idade fez da fotografia um ofício. De lá para cá, cobriu os eventos de maior brutalidade e horror da última década.
Um em específico, uma série sobre Misrata, na Líbia, quando rebeldes tentavam derrubar o regime de Muamar Kadafi , o fez ganhar o Robert Capa Gold Medal Award (mais importante prêmio mundial para fotografia de guerra). Como já disse em várias entrevistas, André Liohn coloca todo seu lado emocional ao capturar uma imagem.
Além de registrar a linha tênue entre a vida e a morte, Liohn também denuncia de forma crítica os problemas sociais, como também imprimi a humanidade (ou a falta dela) no homem. No Brasil, lançou há dois anos a mostra Revogo, um trabalho de guerra na terra em que ele nasceu: a violência nas periferias brasileiras foi capturada pelo fotógrafo sem pudor. As imagens fortes e chocantes nos fazem refletir.
As fotografias se deram nas principais cidades ranqueadas pelo Mapa da Violência. Em uma entrevista para o El Pais, André Liohn explicou o cerne da mostra: “o que a fotografia de guerra exige é estar perto, em termos físicos, emocionais e políticos também, a meu ver, do que se fotografa. No Brasil, fala-se de uma guerra encoberta, e eu decidi sair em busca dela, descobrir se realmente existe”.
Com certeza vemos que a fotografia também tem dimensões políticas, sociais, econômicas e culturais, e não meramente artísticas. Com um vasto trabalho de conflitos – seja no Brasil ou no exterior – o trabalho de André Liohn nos propõe ao pensar, ao diálogo. Felizmente, ainda que sem muito espaço no Brasil, a fotografia documental existe e tenta cumprir o seu papel como memória e denúncia social.