Quando o mundo viu as primeiras fotografias, a ideia de ser capaz de capturar o mundo como o vemos se esvaiu rapidamente. Em um período relativamente curto de tempo, a fotografia analógica evoluiu de preto e branco para a fotografia de cor. A partir daí, a produção de filmes em movimento foi possível, o que nos permitiu ver o mundo de nossos sofás em casa, ou nas telas de cinema. Quando a primeira câmera digital foi inventada, os criadores desses equipamentos fotográficos mal sabiam que eles viriam a revolucionar o mundo da fotografia e mídia em geral. Hoje, milhões de imagens são capturadas e compartilhadas entre as pessoas e o número de dispositivos que podem criar uma imagem cresce em um ritmo assustador. Há câmeras literalmente em toda parte – em nossos telefones móveis, casas, computadores, carros e até mesmo em óculos e relógios. Nós confiamos a nossa habilidade de ver o mundo e documentar momentos a esses dispositivos, que nos permitem olhar para atrás e rever tudo. E mesmo assim, com o aumento de produção, o fácil acesso ao uso da imagem e ferramentas de manipulação de imagens, nós estamos vendo imagens de coisas a mais do que a realidade pode nos dar:
não importa se estamos olhando para capas de revistas populares, sites da Internet, ou redes sociais, as imagens que vemos são cada vez menos confiáveis, uma vez que elas podem estar sendo alteradas.
A mídia acabou por ser uma ferramenta poderosa de influência e manipulação das pessoas, o que levanta a questão e a importância da ética na fotografia.
Só deve ser permitida a fotografia para exibir a realidade, ou é aceitável alterar imagens para outros fins? E se a manipulação é aceitável, quais são os seus limites?
Este artigo irá se concentrar em tipos específicos de fotografia e as práticas que devemos seguir, levando em consideração a ética na fotografia.
Roubo de imagem
Com bilhões de fotografias disponíveis tão amplamente em toda a Internet, não é incomum ver não apenas indivíduos, mas também empresas que utilizam o trabalho de outras pessoas para seu próprio benefício.
Em alguns casos, o roubo é claro, com imagens sendo usadas sem qualquer permissão; e em outros casos, as imagens são “emprestadas” para serem alteradas e manipuladas para criar algo diferente.
Não importa como isso é feito, o roubo continua a ser roubo e ele não deve ser bem-vindo em qualquer situação, pelo nome da ética na fotografia. Como você se sentiria se alguém roubasse as imagens que você posta em uma plataforma comum de mídia social, como o Instagram, e vendesse por milhares de dólares sem partilhar qualquer dinheiro com você?
Plágio de fotografia
E quanto a situações nas quais um fotógrafo empresta a ideia e a perspectiva de outro profissional e produz uma imagem muito semelhante, se não idênticas? Agora, este é um tema de intermináveis debates, capazes de provocar grandes argumentos de ambos os lados do jogo. Como fotógrafos, muitas vezes temos nossos próprios conhecimentos, habilidades e experiências para criar algo único que nunca foi feito antes – pelo menos é o que pensamos. Pode ser encontrar um determinado assunto, ângulo, composição, colocação de assunto, ou o uso específico de cores e tons para criar algo original.
É aceitável recapturar tais imagens, inspirando-se no autor original? E se é aceitável, deve-se solicitar permissão e dar os créditos devidos? A resposta depende de um número de fatores. Se uma imagem é exatamente copiada, usando o mesmo ângulo, a mesma perspectiva, composição, sujeito e cores, fazendo com que ela fique idêntica à imagem original, então isso é um sinal claro de plágio.
No entanto, há algumas exceções. Por exemplo, na fotografia de paisagem, há algumas situações onde um fotógrafo pode usar um ponto já popularizado para ser o assunto da sua fotografia, onde certos ângulos e composições funcionam bem. Vai depender dele saber inovar e evitar a semelhança com a imagem original.
Manipulação de imagem
Vamos expandir o tópico da ética na fotografia para a manipulação de imagens. Qual é a quantidade de manipulação aceitável e quais são os limites? Os mais conservadores vão argumentar que as fotografias nunca devem ser alteradas, em qualquer maneira – elas devem manter a sua originalidade. Alguns até argumental que cortar imagens devia ser uma prática proibida. Em um outro extremo, nós temos pessoas que não sentem nada de culpa ao manipular severamente as fotografias, algumas vezes com o objetivo de influenciar a mente das pessoas, alterar suas percepções, ou opiniões. Será que há um meio termo que satisfaz a ética na fotografia?
Fica aqui uma reflexão acerca da prática profissional da fotografia.