A evolução de Wes Anderson

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Wes Anderson é, discutivelmente, um dos diretores mais estilisticamente influentes de sua geração. Com certeza seu estilo é marcante e abre espaço para muitos comentários, tanto de pessoas que gostam, quanto de pessoas que não gostam. De uma forma ou de outra ele influenciou muitos que tentaram e ainda tentam fazer filmes.

Ao contrário do outro Anderson conhecido no mundo cinematográfico, P.T. Anderson – que tem feito filmes, no mesmo período de tempo, que atravessam os gêneros e estilos cinematográficos tão variados como o frio intenso de Nevada, nos EUA no filme Noir “Jogada de Risco”, o melodrama estilo Velho Testamento em “Magnolia”, ou, mais recentemente, o épico do início do século 20 “Sangue Negro” – Wes Anderson passou sua carreira essencialmente se tornando mais e mais Wes Anderson. Recentemente o editor, blogger e em geral um cara bem legal, Vashi Nedomansky, pegou os stills mais característicos dos primeiros oito filmes de Wes Anderson (50 para cada filme) e os colocou em um gráfico fascinante que mostra a evolução do estilo peculiar de Wes Anderson. Veja abaixo:

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Desde o começo da carreira de Wes Anderson, com o primeiro filme, há quase vinte anos atrás, o “Bottle Rocket” lançado em 1996, passando por todos os filmes até o lançamento recente de “Grande Hotel Budapeste”, temas essenciais para o estilo e narrativa do cineasta (promessa não cumprida, conflitos familiares particularmente entre pais e filhos / irmãos, riqueza) e estilo visual (movimentos característicos, como seu uso idiossincrático de zooms e dolly tracks, simetria na composição, a onipresença da fonte Futura, geralmente em amarelo) fizeram dele tanto inimitável, e, paradoxalmente, um dos cineastas mais fáceis de parodiar.

 

A evolução de Anderson

 

Se você é um fã ou não, Anderson é de fato um diretor icônico, e como todos os diretores icônicos, ele tem um estilo de filmagem que, conforme o tempo passa, parece beirar a uma meta-paródia de seus próprios filmes. É por isso que é possível analisar e perceber traços do estilo de Anderson em todos os seus filmes, em todos eles tem seus movimentos de câmera característicos, intrincados desenhos de cena, figurino, filmagens por cima de mãos / objetos estacionários / aleatórios, e, é claro, o tipo Futura de letra sempre em seu característico amarelo. A coisa engraçada sobre este estilo, porém, é depois que acaba, você meio que deseja mais e mais filmes com essas características. Talvez um filme de Wes Anderson seja tanto aditivo quanto assistir as praticamente intermináveis sequencias de filmes de ação e franquias de super-heróis. Há uma familiaridade que nos conforta.

 

O que se torna facilmente perceptível é que o estilo de Anderson tem evoluído juntamente com o seu orçamento, bem como a sua capacidade de controlar o conteúdo de seus filmes. Em Bottle Rocket, por exemplo, a edição e mise-en-scène, são bem familiarmente do estilo de  Anderson, mas não são tão estilizado como as imagens de Rushmore e em nenhuma parte tão complicado como Os Excêntricos Tenenbaums. Isso faz sentido dado que quando o diretor amadurece, seus instintos estilísticos amadurecem (conjuntamente com uma capacidade de transformar esses instintos em imagens “concretas”).

Com cada novo filme, Anderson tem sido capaz de exercer um controle cada vez mais criativo sobre os mundos que ele está retratando, e se esse é o resultado de cláusula contratual ou orçamento (ou provavelmente ambos, além de vários outros fatores), o resultado é um diretor que tomou a sua própria estética pessoal e tornou parte da cultura, o que não é pouco. Aproveite o gráfico e não se esqueça de verificar Vashi Visuals, bem como Film Grab, um enorme repositório de stills de filmes de várias décadas.

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