Não gosto de usar as expressões “câmera profissional” ou “câmera semiprofissional” porque não existe nenhuma norma que classifique as câmeras como tais, mas é inevitável tocar neste assunto quando falamos das câmeras usadas por profissionais da fotografia, seja qual for a usa área de atuação: eventos, fotojornalismo, books, publicidade, etc. E devido aos preços um pouco mais acessíveis do que nos primórdios da fotografia digital, este tipo de câmera hoje está ao alcance de todos e outro ponto a favor destas câmeras é que muitas compactas de qualidade de imagem bem inferior terminam custando quase o mesmo preço de uma câmera chamada por muitos como “profissional” ou “semiprofissional”.
Agora é preciso explicar o maior diferencial destas câmeras destinadas a uso profissional. Estou falando das Câmeras DSLR (Digital Single Lens Reflex) ou simplesmente reflex, as que usam lentes intercambiáveis e possuem um jogo de espelhos interno que reflete a imagem para uma visualização direta no visor óptico, sem a necessidade do LCD, se bem que hoje estas câmeras profissionais também possuem a visualização pelo LCD com o problema da falta de velocidade no autofoco sendo resolvida aos poucos com o avanço da tecnologia. Mas no exterior o mercado destas câmeras vem diminuindo em favor das chamadas câmeras mirrorless (câmeras de lentes intercambiáveis sem espelho) que tendem a ser menores e mais leves.
Mas o grande diferencial é o tamanho do sensor. Câmeras DSLR normalmente possuem um sensor muito grande e quanto maior o sensor, maior será a qualidade da imagem teoricamente. Para quem ainda não conhece, o sensor chamado full frame possui aproximadamente o mesmo tamanho do fotograma de filme das antigas câmeras amadoras e equipa as câmeras DSLR mais caras e cheias de recurso. Os modelos mais baratos possuem um sensor um pouco menor chamado APS-C que possui um fator de corte de 1.6x (Canon) ou 1.5x (Nikon, Pentax, Sony e demais marcas), este fator de corte é definido de acordo com o tamanho dele, o da Canon é um pouco menor que o das demais marcas.
Só que o mercado no exterior já abriu os olhos para as câmeras mirrorless que começaram na ideia do sistema 4/3 com câmeras Olympus e Panasonic e participação da Leica, e tem uma qualidade muito próxima a das reflex com seu sensor de fator de corte 2x (além de contar com uma ampla gama de lentes e acessórios). De 3 anos para cá as outras fabricantes começaram a perceber esse nicho e leva-lo mais a sério e caíram no gosto do público amador, principalmente na Ásia onde o uso de câmeras reflex ou DSLR caiu bastante nos últimos anos. Europa e América do Norte começam a seguir esta tendência, mas aqui no Brasil a coisa anda a passos muito lentos.
Como a tecnologia vem evoluindo bastante é preciso ficar atento ao que o mercado oferece: a Sony já produziu várias câmeras mirrorless com sensor full frame e se encaminha para liderar este mercado com folga enquanto a Fuji consegue com seus sensores APS-C e tecnologia X-Trans que elimina por completo a necessidade de se usar filtros anti-aliasing (ou passa-baixas ou low pass) que evitam o serrilhamento das linhas retas mas sacrificam a nitidez da imagem gerada pelo sensor. Com isso, em algumas situações, segundo alguns testes, estes sensores APS-C da Fuji conseguem resultados surpreendentemente semelhantes ou até melhores do que os full-frame das câmeras DSLR mais conhecidas.
Enfim, o mercado internacional já se utiliza de alternativas às pesadas DSLR, mas no Brasil a coisa ainda está engatinhando e não há previsão de mudança a curto e médio prazo devido a um mercado muito fechado e público mais fechado ainda. O que fica claro é que as câmeras profissionais mais avançadas e cheia de recursos estão cada vez mais ao alcance de todo tipo de fotógrafo, não restritas apenas aos profissionais.