Praticamente todo artista possui um sonho máximo, mesmo que ainda não tenha revelado a muitas pessoas. E, praticante de uma arte tão próxima ao mundo selvagem, com o Fotógrafo da Natureza André Bittar, a situação simplesmente não poderia ser diferente.
Depois de ter visto na máquina fotográfica de um colega de profissão a imagem de uma onça-pintada, André ficou com aquele momento “martelando” sua cabeça. Ao ponto de, como confessou em entrevista ao portal G1, prometer a si mesmo que ainda faria uma imagem semelhante. Afinal, esse tipo de fotografia representa, de maneira fiel, a imponência do típico animal presente no Pantanal brasileiro.
Prova de persistência
Contudo, a missão esteve longe de ter um desfecho simples ou mesmo rápido. Foram seis anos de “perseguição” para que o tão sonhado momento entrasse para a posteridade. Em muito, também, graças ao trabalho que Bittar desenvolve junto a uma ONG de preservação no estado do Mato Grosso do Sul. Mais especificamente, na cidade de Miranda, distante pouco mais de 200 quilômetros da capital, Campo Grande.
Tamanha foi a busca por essa imagem que, em determinado momento, o fotógrafo confessa também ter pensado que se tratava de uma questão de falta de sorte não conseguir o clique:
“Eu achei que nunca iria ver e até pensava que era pé frio. Há seis anos eu vi uma fotografia de onça-pintada no visor da máquina de um amigo meu que é fotógrafo e eu falei que um dia iria fotografar uma também. Foi a realização de um sonho.”
Passada a euforia da conquista, veio a sensação de medo para o fotógrafo da natureza em relação ao que viu em paralelo a imponente onça-pintada retratada por suas lentes: largos espaços de desmatamento e absoluta falta de cuidado com um patrimônio natural de tamanha relevância. Situação essa onde os incêndios tem sido um dos grandes inimigos na preservação.
“Essa região que estou não está sofrendo tanto com o fogo, mas meu coração ficou extremamente divido com a sensação de estar presente em uma unidade com a natureza e dividido pelo medo do cenário atual para a preservação do meio ambiente. Será que um dia meu filho ainda vai ter a sorte de ver tudo isso que estou presenciando? Depois eu fiquei mais tomado pela sensação do medo do que de realização, além do pânico de pensar que tudo isso pode acabar”, concluiu.