A Era Vitoriana foi um período que data de 1837 a 1901, tempo de reinado da Rainha Vitória, na Inglaterra. Ela conquistou o trono, aos 18, após Guilherme VI falecer sem apontar herdeiros. No início dessa época, a fotografia era algo muito árduo de se fazer, então surgiram algumas novidades.
Uma característica ultramarcante da Era Vitoriana foi a prática de registros fúnebres, isto é, na época, era comum a ideia de imortalizar os entes queridos registrando fotografias dos mesmos. Ainda, há casos onde juntavam mais de um finado para o “ensaio fotográfico“. Esse tipo de fotografia recebeu o nome de post mortem, ou pós-morte.
Consequentemente, alguns traços fazem-nos lembrar do Romantismo, o qual a vertente inglesa situa-se de 1785 a 1830, onde na segunda fase, conhecida como ultrarromantismo, havia muita adoração à morte, ou até mesmo a ideia de que ela era a solução para os problemas da vida cotidiana.
Entretanto, esse não foi o ideal para o surgimento da post mortem, na verdade. Esta surgiu para que os pais tivessem a oportunidade de guardar memórias física-visuais dos seus filhos após estes morrerem.
Em 1839, Louis Daguerre trouxe um método que era relativamente mais barato e prático para exercer o trabalho — vale ressaltar que nos anos 1839 e 1840 a fotografia deu passos importantíssimos por estudos tanto de Daguerre e Joseph Niépce quanto de William Henry Fox Talbot (1800-1877), inventor do calótipo, e Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), desenvolvedor do negativo e radicado em Campinas, aqui no Brasil —, então, as pessoas juntavam dinheiro para que assim que os entes queridos morressem, pudessem ter uma fotografia como recordação. Relevando que na época, a mortalidade infantil era alarmante.
Logo, surgiram muitos fotógrafos, então, os valores da técnica trazida por Daguerre caíram, e, ainda, na metade do mesmo século, surgiram mais e mais métodos, desta vez, até mais baratos. E, assim seguiu a fotografia vitoriana por um bom tempo até 1888, quando a Kodak revolucionou o mercado fotográfico fazendo cada um tirar suas próprias fotos e George Eastman trouxe o rolo substituível.
Ressalto que, não é saudável ver as fotografias post mortem com negatividade ou estranheza. Deve-se lembrar que ali havia um contexto socio-histórico, no qual era ultranormal tal prática.
Em adição, uma das personalidades que é importante mencionar quando se fala de Era Vitoriana é a fotógrafa, nascida na Índia, Julia Margaret Cameron (1815-1879), fruto de pai inglês e mãe francesa. Julia iniciou sua vida de fotógrafa aos 48 anos de idade, quando sua filha presenteou-lhe uma câmera, e fotografou por mais de uma década.
O que marca a obra de Cameron é o caráter literário ou religioso em seus retratos faciais. Sua arte comumente remetia a irrealidades. Também era característica essencial a maneira com que Julia suavizava os tons e trazia certo minimalismo. Assim, Julia serviu como inspiração para muitos outros fotógrafos.
Aos 60 anos, Julia mudou-se para onde hoje é Sri Lanka. Lá, continuou sua obra, mas lá enfrentou dificuldades na obtenção de materiais necessários e de uma aliança artística — como era membro de uma na Inglaterra —, e então, nada do que produziu na nova morada suportou.