Muita gente tem encontrado no e-commerce uma alternativa ao desemprego, um incremento na renda ou mesmo abandonou a CLT para se dedicar às vendas on-line. Neste ponto gostaria de deixar uma pergunta, para reflexão: de que adianta fazer tudo certo para levar o cliente até a sua loja, se as imagens “queimam o filme” do seu produto? E não há exagero na minha fala: a fotografia tem a função primordial de demonstrar para o comprador as características essenciais do produto, como dimensões, materiais, textura dos materiais (para quem trabalha com moda e acessórios e calçados, isso é fundamental), funcionalidades, etc. Se você chegou aqui por acaso e não está familiarizado com esse tema, eu recomendo a leitura do artigo “O que é fotografia Still”, e depois volte aqui para continuarmos.
Quando um produto é de uma marca conhecida, normalmente as pessoas procuram o melhor preço, pois já conhecem o que estão comprando ou já possuem referências suficientes para comprar sem se preocupar com a imagem do anúncio, o que facilita muito a vida do lojista. Mas isso não diminui a importância de ter boas fotos, pois elas podem significar a diferença entre o cliente comprar na sua loja ou na do “vizinho on-line”, pagando uns reais a mais, “por via das dúvidas”. Se seu produto é desconhecido, nem se fala.
De todos os investimentos necessários para um e-commerce, é provável que a fotografia seja um daqueles itens que mais gera desconforto ao empreendedor iniciante. Isso porque, ao contrário de áreas como aluguel, água e luz, informática, as fotos estão diretamente relacionadas com cada SKU, o que causa uma forte sensação de que o valor gasto com cada foto, minimiza, anula ou até supera o lucro. De certo modo isso é verdade. Com frequência o valor de uma foto ultrapassa até o próprio valor bruto de uma venda, dependendo do valor do produto. Eu poderia escrever abaixo sobre como avaliar o peso/ impacto do custo da fotografia sobre o preço de venda do seu produto, mas isso já foi feito em outro artigo, chamado Fotografia de e-commerce: Quanto custa? Eu recomendo fortemente que você leia esse outro texto e depois volte aqui. Talvez você nem precise voltar, pois concluirá que não é tão caro quanto parece. Mas se concluir que ainda fica caro, continue comigo!
Se as outras alternativas não parecem viáveis, você chega à mesma conclusão à qual muita gente chega: terá de começar tirando as próprias fotos. A questão agora é COMO fazer isso. Mesmo quem tem o hábito de fotografar o tempo todo, seja bichos, selfies ou viagens, logo percebe que Fotografar Produtos não é algo tão trivial quanto parece e que, sem algum conhecimento, vai ser difícil chegar a um resultado satisfatório.
Para começar, é preciso dominar ou pelo menos compreender certos conceitos, para que você possa domar o seu equipamento e saber como extrair o melhor que ele pode lhe oferecer dentro das condições em que você pretende/ pode trabalhar. Também é importante que você saiba se organizar e planejar sobre como pretende executar essa tarefa no dia a dia, com o objetivo de não desperdiçar tempo e esforço. Vamos tentar resumir essa ideia em alguns tópicos.
Na câmera:
Em vez de indicar modelos de câmeras fotográficas (o que todo mundo faz), deixe-me chamar sua atenção para outro ponto: como funciona a sua câmera!? ISO, diafragma, velocidade, temperatura de cor… Se na sua vida você já fez mais de uma pesquisa sobe como tirar fotos, é certo que você já esbarrou com “esses caras”. Não é para menos: são os recursos elementares de qualquer câmera. Basicamente, são eles que definem (entre outras coisas) se sua foto fica, por exemplo, mais clara ou mais escura. Como eu disse, qualquer câmera, mesmo um celular, opera sob essas variáveis. Eu sugiro que ao terminar esta leitura você procure na câmera que você já tem ou em outra que esteja ao seu alcance, onde cada uma delas fica. Se possível, esteja munido do manual do seu equipamento, ainda lembra onde ele está (aposto que nunca te perguntaram isso)? Sim, ele é fundamental). Mas não pára por aí.
Iluminação
Esse é um ponto delicado e gera infinitas discussões até entre fotógrafos profissionais. Do que eu realmente preciso? Flash ou luz contínua? Tenda difusora, pop-up ou mesa Still? Bem, vejamos. Estamos partindo do princípio de que você não quer se tornar um fotógrafo, mas sim resolver um problema específico: fazer fotos daquilo que você vende. Fim. E, em se tratando de fotos para e-commerce, geralmente isso significa fotos em fundo branco ou outra cor que não crie distrações (sim, há casos mais específicos, mas não vem ao caso, aqui). Partindo desse princípio, eu sempre falo aos alunos no meu curso, que foquem naquilo que é essencial para essa tarefa. Trocando em miúdos: não gaste dinheiro à toa! Se for para gastar um caminhão de dinheiro em equipamentos, melhor contratar um fotógrafo profissional. Só após explicar como entender o funcionamento geral de uma câmera é que eu começo a sugerir equipamentos, dado que há diversas opções de modelos e de preços. Em muitos casos, um kit simples com tenda difusora e iluminadores de luz contínua, já permite fazer diversos trabalhos com resultados muito bons!
Pré produção
Antes de correr para a loja e comprar o equipamento que eu citei acima, recomendo que você conheça as características físicas dos seus produtos. Qual dos tipos abaixo parece corresponder ao que você mais tem no estoque?
- Fosco?
- Translúcido?
- Reflexivo?
- Misto?
E por que você deveria saber disso? Basicamente porque isso determina o comportamento do seu produto sob a luz. E isso deve guiar a forma como você trabalhará não só com os equipamentos de iluminação (potência, distância, quantidade), como também o ângulo da câmera, se vai precisar de rebatedores ou alguma coisa para evitar reflexos indesejados, etc. Há muitos casos em que fazer tudo na mesma foto demanda mais tempo que do que fazer fotos de várias partes do produto e juntar tudo no Photoshop.
Além da iluminação, a pré-produção inclui decidir a ordem em que os produtos serão fotografados, a fim de evitar ao máximo fazer modificações desnecessárias na luz, o que poderia gastar muito tempo. Fora isso há cuidados necessários com cada tipo de produto: as superfícies dos produtos devem estar o mais limpas possível, deve-se evitar fotografar produtos amassados (no caso das roupas, é comum passá-las antes, geralmente a vapor), calçados devem estar com os cadarços bem colocados para uma melhor apresentação. Pode parecer/ ser complicado no começo, mas como tudo na vida, a prática leva a perfeição!
Pós-produção
Não é preciso falar muito sobe isso. Simplesmente, nem tudo fica perfeito ainda na foto, sempre é possível melhorar uma foto (ou consertar algo que foi impossível fazer antes, como remover uma mancha). O Photoshop ou outro programa de edição é fundamental para arrematar suas fotos. Há até bons aplicativos de finalização para celular, como o Lightroom mobile e o Snapseed. Não precisa ser designer, mas conhecer algumas ferramentas lhe será muito útil!
Conclusão
Se você já ouviu a expressão “é só apertar um botão”, já deve ter concluído que fotografar com qualidade vai bem além do clique, que aliás, é uma das últimas etapas, para Fotografar Produtos. Você não precisa ser um fotógrafo profissional, mas é importante dominar os princípios básicos de funcionamento do seu equipamento, além de entender como a luz se comporta sobre a superfície do produto fotografado, bem como algumas técnicas necessárias para realizar o clique e a finalização da imagem. Nada de outro mundo, mas é o mínimo necessário para que você possa obter fotos de boa qualidade e possa dar fôlego ao seu negócio, no que diz respeito às imagens.
Obviamente, este texto não se propõe a ser uma aula de Fotografar Produtos, mesmo porque isso seria impossível em apenas algumas linhas. Objetivo aqui é propor direções e elencar os itens básicos para que você possa começar a estudar a respeito, já que terá de fazer sozinho o “trabalho braçal”. Acredite, começando pelos itens que citei, a vida já vai ficando mais fácil. Agora, se você tem pressa e precisa de um curso intensivo, fale comigo! Forte abraço! E, sucesso!