Pode parecer inusitado, mas o desenvolvimento das Câmera Fotográfica Digital começou nas pesquisas militares durante a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos. Nessa época, e pela necessidade de boas estratégias para um período de guerra, o computador e outros meios de comunicação digitalizadas tiveram grande avanço devido às mensagens criptografadas que foram exaustivamente testadas e utilizadas como táticas de guerra.
O grande impulso para o surgimento da internet, por exemplo, foi a Guerra Fria (1945-1991), período em que os militares norte-americanos tentaram desenvolver um sistema de comunicação integrada que não precisasse depender de um ponto central, mas que pudesse ter servidores de informações em vários pontos. Isso seria uma vantagem em relação a estratégias de guerra.
A tecnologia na Guerra Fria
A Guerra Fria foi uma batalha não declarada entre Estados Unidos, que representava o bloco capitalista, e a União Soviética, que representava o bloco socialista. Entre tantas áreas em que essa batalha se fundava, estava a corrida espacial. E foi um programa espacial norte-americano o responsável pelo desenvolvimento da tecnologia fotográfica digital.
Foi na década de 60, mais precisamente em 1965, que as primeiras imagens digitais, ou seja, as capturadas sem o uso de filme, foram feitas. Essas imagens foram capturadas pela sonda Mariner 4 e registravam a superfície de Marte. Foram feitas 22 fotos em preto e banco com 0,04 megapixels de resolução. Essas imagens levaram quatro dias para chegar até a Terra.
Apesar de não ter sido utilizado filmes no processo, essas imagens não são consideradas completamente digitais, já que utilizavam algumas características analógicas de captura de imagem, as mesmas usadas no sistema de televisão.
Primeiro circuito CMOS
O primeiro circuito Complementary Metal Oxide Semiconductor (CMOS) foi criado em 1964 pela RCA, um ano antes das fotos de Marte. Esse circuito deu origem, posteriormente, ao Charged Coupled Device (CCD), dispositivo que faz parte das câmeras digitais atuais e responsável pela captura de imagens sem filme.
O CMOS é um circuito que utiliza pouca energia, mas é capaz de guardar muitas informações como data, hora e configurações adaptáveis de câmeras fotográficas. É esse o sistema utilizado em aparelhos portáteis e computadores.
Já o CCD foi feito em 1969, mas foi comercializado apenas em 1973 em equipamentos digitais. Na época, esse dispositivo era capaz de capturar imagens com resolução de 0,01 megapixels.
Foi a Kodak a primeira marca a apresentar um protótipo de câmera fotográfica baseado nesse CCD. Isso foi em 1975. No entanto a câmera não tinha nada de portátil. Ela pesava quatro quilos e as imagens eram gravadas em uma fita cassete.
A primeira Câmera Fotográfica totalmente digital
A primeira câmera completamente digital da história é um produto da Fairchild Imaging e foi batizada de All-Sky Camera. A tecnologia desse equipamento foi desenvolvida pela Universidade de Calgary, no Canadá e foi baseada no CCD de 1969. As imagens capturadas por este equipamento eram resultados do microcomputador embutido dentro da câmera, o Zilog Mcz 1/25, que as processava.
A câmera digital no mercado consumidor
A introdução da câmera digital no mercado aconteceu em 1981, com o lançamento do primeiro equipamento digital da Sony, o modelo Mavica. Essa câmera capturava imagens de 0,3 megapixels e custava cerca de US$ 12 mil. Outra característica digital dela era o armazenamento de até 50 fotos em disquete próprio da marca.
Os especialistas caracterizam a Mavica como uma câmera de TV que congela as imagens.
Na sequência, em 1988, a Sony lançou as Mavicas C1 e A10 Sound Mavica. Esta última além de fazer imagens em movimento e estáticas, também capturava áudio. Essas câmeras eram mais acessíveis e custavam em torno de US$ 230 e US$ 350 respectivamente.
Na mesma década, só que em 1984, outra câmera saiu na frente na produção de equipamentos digitais: foi a Canon, que durante as Olimpíadas em Los Angeles utilizou uma câmera digital em parceria com o jornal japonês Yomiuri Shimbu. A Canon e o jornal, com a tecnologia digital, transmitiu, via telefone, fotos de 0,4 megapixels dos Estados Unidos ao Japão. Cada envio de imagem demorava meia hora, o que fez o jornal japonês sair na frente dos outros que dependiam de aviões para o transporte dos filmes fotográficos.
Popularização da Câmera Fotográfica
A popularização da câmera fotográfica digital veio apenas na década de 1990, com a acessibilidade dos preços mais baixos. Um dos marcos da época foi o modelo DCS-200 da Kodak, que tinha disco rígido para o armazenamento das fotos e a incrível resolução de 1,54 megapixels para a época – cerca de quatro vezes mais potente que as outras câmeras digitais disponíveis no mercado.
Para conseguir bons resultados no mercado consumidor, as marcas começaram a investir no material digital, no aumento da resolução e da capacidade de armazenamento. Foi assim que a Apple lançou a Quick Take 100, em 1994, com resolução de 800 x 640 pixels e capacidade de armazenamento de oito fotos na memória.
A Deltis VC-1100 da Olympus foi lançada no mesmo ano e foi a primeira câmera fotográfica digital com sistema de transmissão de fotos integrado, que permitia o envio de fotos a celulares, outras câmeras e computadores. O armazenamento de fotos desse equipamento era feito em cartão de memória removível e a resolução era de 768 x 576 megapixels.
No ano seguinte e Ricoh lançou a primeira câmera fotográfica digital que podia capturar imagens em movimento e com som. Em 1997, a Hitachi foi a responsável pela fabricação da primeira câmera digital a transferir vídeos em formato MPEG para o computador.
A famosa Cybershot da Sony foi lançada também em 1997, com a capacidade de gravar imagens a laser e em formato JPEG. Depois disso, era difícil encontrar uma marca que ainda não tinha investido no mercado digital. Hoje em dia, as câmeras do gênero que estão no mercado nem se comparam em resolução e capacidade de armazenamento e mal podemos esperar para as futuras novidades.