Evandro Teixeira nasceu na pequena cidade baiana de Irajuba, em 1935, iniciando sua carreira jornalística em 1958, em O Diário de Notícias, na capital Salvador, mudando-se depois para o Diário da Noite (do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand), na cidade do Rio de Janeiro, onde se radicou e mora até hoje.
Em 1963, ingressou no Jornal do Brasil, onde se tornou uma figura mítica do fotojornalismo nacional. Trabalhou no JB durante 47 anos, deixando o jornal apenas em 2010, quando a publicação interrompeu a circulação impressa para se concentrar apenas na edição online.
Conhecido por ser extremamente versátil, destacou-se em diversos campos da cobertura jornalística, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. Entre os momentos marcantes de sua carreira figuram a cobertura da chegada do general Castello Branco ao Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964, a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende, no Chile, em 1973.
Também cobriu grandes eventos, assim como a cobertura de diversos Jogos Olímpicos e Copas do Mundo. É autor dos muitos livros sobre jornalismo e fotojornalismo. As fotos de Evandro integram acervos de museus como o de Belas Artes de Zurique, na Suíça, no Museu de Arte Moderna La Tertulha, na Colômbia; do Masp, em São Paulo, do MAM e do MAR, no Rio de Janeiro.
No ano de 1994, teve o seu currículo inserido na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Em 2004, sua vida e obra foram retratadas no documentário “Instantâneos da Realidade”. Entre os prêmios recebidos, está o da UNESCO, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa. Separamos abaixo algumas de suas mais famosas fotografias que circularam o mundo.
Os anos de chumbo
O Golpe civil-militar de 1964 viu no Brasil um jornalismo com diversidade e qualidade, expresso em diferentes veículos de difusão, compondo uma paisagem jornalística num tempo de extrema mudança nas configurações sociais. A maioria dos veículos seria duramente atingidos nos anos de 1970 pelas medidas da ditadura, empobrecendo o cenário do jornalismo brasileiro.
Especificamente no fotojornalismo, foram diversos os nomes que merecem ser conhecidos pela genialidade em documentar um momento no qual as liberdades individuais eram atingidas. Um desses nomes, é claro, figura o do fotojornalista Evandro Teixeira, dono das fotos mais icônicas do período:
As duas fotos acima reproduzidas, marcam a cara da ditadura no Brasil e moldaram visualmente a memória dos “anos de chumbo”. De um lado, a truculência policial, a cara fardada da repressão e o movimento de fuga e espanto de um civil em plena luta – ali estava a própria divisão da nação, simples e direta: militares oprimindo e civis resistindo. Na outra fotografia, um policial caindo da moto: o governo perdendo as rédias da nação.
Evandro Teixeira também fotografou durante sua carreira como fotojornalista, celebridades, políticos nacionais e internacionais, além de anônimos. Tais fotos dão dimensão da pluralidade do fotógrafo que documentou diversos momentos que hoje são memórias da história brasileira.
Teixeira está vivo e mora atualmente no Rio de Janeiro. Suas obras são carregadas de expressão e captam o momento decisivo de Cartier-Bresson. É impossível não falar da história da fotografia brasileira, sem citar Evandro Teixeira, um dos nossos maiores fotojornalistas do país. Que sorte o tê-lo.