OS GRANDES FOTÓGRAFOS DA HISTÓRIA: SEBASTIÃO SALGADO

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Em nosso quinto artigo da série, “os grandes fotógrafos da história”, em comemoração ao Dia do Fotógrafo (08 de janeiro), vamos falar de um fotógrafo brasileiro que conquistou o mundo, literalmente, com o seu olhar apurado e sensível: Sebastião Salgado.

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu na pequena cidade de Aimorés, no interior de Minas Gerais em 8 de fevereiro de 1944. Único filho homem entre nove irmãs, graduou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo em 1967. Economista formado foi para São Paulo onde realizou pós-graduação na USP e também conheceu sua esposa, Lélia Deluiz Wanick.

Em 1969, durante a ditadura militar no Brasil, Salgado se mudou para Paris e escreveu sua tese em Ciências Econômicas. Pouco tempo depois, trabalhando para a Organização Internacional de Café (OIC) em Londres, passa a fazer viagens de trabalho à África. Em uma dessas viagens, faz sua primeira sessão de fotos com uma Leica de sua esposa. Nunca mais parou de fotografar.

Sua paixão pela fotografia o tornou fotojornalista. Na década de 1970, passou por duas grandes agências, Sygma e a Gamma. Em 1979 entra para a Magnum, a qual o enviou para a capital americana, Washington. Lá, cobriu um fato que mudou a sua vida completamente: documentou o atentado ao presidente Ronald Reagan em março de 1981. As fotos foram vendidas para jornais do mundo inteiro. Com o dinheiro conseguiu financiar seu primeiro projeto pessoal na África.

No ano de 1986, realizou uma fantástica sequência de fotos documentais sobre camponeses latino-americanos durante sete anos. Esse registro deu origem ao seu primeiro livro, “Outras Américas”. Nessa época as fotos preto e branco já eram uma marca que permeava o seu trabalho: sempre documental e envolto em causas sociais.

O próximo tema ao qual ele se dedicou, de 1993 a 1999, foi o da emigração massiva de pessoas no mundo todo, dando origem a “Êxodos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”, de 2000, ambos alcançando grande sucesso mundial. Um ano depois, o fotógrafo foi indicado para ser representante especial do UNICEF. No início da obra “Êxodos”, escreveu:

“Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…”.

Sobre suas fotos em preto e branco, afirmou em uma entrevista:

“Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia. A partir desse momento, eu comecei a ver as coisas realmente em branco e preto”.

Em seu mais recente trabalho, “Genesis” (2015), Salgado passou oito anos viajando por lugares remotos do planeta para mostrar que, apesar da ameaça sobre a vida na Terra, ainda existem regiões alheias à noção de progresso. Cenários de natureza intocada, como os mares gelados da Patagônia e sociedades que sobrevivem intactas em seus costumes ancestrais.

Sebastião Salgado é o tipo de fotógrafo que vai além do imaginado. Consegue nos levar aos lugares mais remotos do mundo, nos apresenta personagens reais que nunca imaginamos que existiriam. Ele não faz arte, mas, mágica com as lentes. Para quem tiver interesse de conhecer mais de perto esse brilhante fotógrafo, assista o documentário “O Sal da Terra”, dirigido por Juliano Riberio Salgado (filho de Sebastião Salgado) e pelo alemão Wim Wenders. Indicado ao Oscar 2015 na categoria “melhor documentário”, a película descreve o homem e o fotógrafo que Salgado é. Imperdível!

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