Três dicas para fazer documentários de alta qualidade.

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Documentários normalmente são vistos como obras mais jornalísticas do que obras cinematográficas. Normalmente não há uma preocupação com o teor artístico dos documentários. Porém, não há nada que diga que documentários não podem também ser uma boa obra cinematográfica; nada proíbe de um documentário de ser um bom meio para contar boas estórias.

O diretor do documentário “Purgatorio”, Rodrigo Reyes, tem três dicas importantes para compartilhar e que vamos ver a seguir. Para quem não conhece, “Purgatorio” é um documentário sobre as vidas daqueles que habitam a fronteira entre Estados Unidos e México. A revista especializada Variety chamou este filme de “uma ode brilhantemente bonita sobre o submundo que cerca a fronteira EUA-México”.

Documentários podem ter um acesso mais amplo aos personagens que descrevem e talvez consigam interagir mais com os dois lados, tanto os espectadores quanto quem está na tela. A sétima arte tem várias facetas e documentários podem ser uma das facetas mais empolgantes. Um documentário pode ter várias vertentes e apresentar várias histórias correlacionadas. Para poder aproveitar tudo que documentários podem oferecer vamos ver quais são os conselhos escolhidos por Rodrigo Reyes para nos ajudar.

A seguir tem apenas uma pequena parte de todo o repertório e dicas que ele tem para nos dar em relação a como se fazer documentários mais cinematográficos. Vamos começar com uma dica importantíssima sobre regras para filmagens.

Documentários

Tenha regras estritas de filmagem

Normalmente os cineastas que tentam se aventurar em filmar documentários não tem uma lista de regras bem definidas como numa filmagem de uma ficção. Devido às circunstâncias, muitos documentaristas optam por ter nenhuma regra. Isso pode ser bom, pois dá mais liberdade, porém pode ser igualmente ruim, pois pode abrir uma caixa de pandora. Segundo comentário do próprio Rodrigo Reyes:

“Nós traçamos regras e isso me ajudou muito. A ausência de limitação é o pior inimigo, certo? Pelo menos de acordo com Orson Welles… Eu decidia o que eu estava procurando em termos estéticos para a filmagem e não me deixava sair desse formato. Isso ajudou muito a dar uma estrutura estilística para o filme, todas as cenas tinham o mesmo formato e isso ajudou muito”.

Roteirize os seus personagens antes de ir à procura deles.

Fazer documentários sempre pareceu ser uma obra mais da espontaneidade do momento do que algo roteirizado e esquematizado do cinema de ficção. Porém não precisa ser sempre assim, e este documentário mostrou exatamente isto. Você ainda terá que improvisar bastante para conseguir fazer um documentário, porém se você tiver algo escrito, mesmo de forma rudimentar, você terá mais liberdade criativa para poder trabalhar. Nas palavras de Rodrigo Reyes:

“Documentaristas supostamente não podem mais usar um roteiro, eles devem sair e encontrar uma história. Eu fiz o oposto. Eu roteirizei tudo. Eu sabia que teria quatro semanas, e eu sei que levaria quatro semanas para obter certos arquétipos. Esses arquétipos são bidimensionais no papel, mas uma vez que você chegar lá, você deixa espaço para respirar para que eles possam se tornar um personagem completo.”

Documentários

Não procure apenas pelos fatos

Como dito anteriormente, muitos documentários tendem a serem grandes peças jornalísticas onde há uma necessidade de apresentar fatos e tomar alguma posição política ou social. Você não precisa ser apenas uma página de jornal ambulante, cheia de fatos e versões sobre os acontecimentos. Tente entrar na história sem nenhuma lente ou perspectiva impregnada em sua mente. Rodrigo Reyes tem isso a dizer sobre este tópico:

“Neste momento, os filmes mais interessantes que estão sendo feitos e que estão avançando a receita cinematográfica são documentários… eles são filmes com muitos pontos de vista diferentes sobre a nossa realidade. Os mais interessantes são aqueles dirigidos por ideias. ‘Queremos explorar isso, ter essa conversa, entrar neste mundo’. Por que perseguir os fatos?”

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